domingo, 24 de abril de 2011

Mais Amor, Por Favor

Alameda Santos, altura do nº. 2100 - Cerqueira César, SP


É inevitável passar por uma coisa dessas em pleno Cerqueira César e não parar. Pra olhar, pra sentir. Parar pra dar um sorriso e pensar. Em meio ao caos que é São Paulo, gente que tira tempo da vida provavelmente não menos caótica pra deixar uma mensagem, um pensamento pra gente que elas nem conhecem. Eu acho que são pessoas assim que a gente devia pedir todos os dias. E apreciar e respeitar todos os dias.

E essa frase me fez ficar refletindo o dia todo. “Mais amor, por favor”. Quatro palavras que juntas parecem fazer o mundo de sentido, né.

Assistam, também, que vale a pena: youtube.com/watch?v=icN-7ynO7Tg&feature=player_embedded

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Confissões de Um Liquidificador

Dá vontade de observar as pessoas como um leão observa um servo em campo aberto. Prestando atenção em cada passo, cada levantar de cabeça, cada respiração. Mas diferentemente de felinos selvagens que observam cautelosamente sua presa pra depois dilacerá-la sem dó nem piedade (entenda, não vejo com maus olhos, o leão é o que é), queria observar pra entender o porquê de elas mesmas se dilacerarem. Mínima, parcial ou inteiramente, por dentro ou por fora. Observar só pra saber o que faz todo mundo fazer o que bem entende, quando quer, com um foda-se bem grande pra tudo o que há ao redor, e aí pensar em mil e uma possibilidades de consertar. Que mania temos nós de acharmos que tudo tem conserto, né?
Passa um Superbonder, enrola um durex, uma fita isolante; pega linha e agulha, faz um remendo que ainda dá pra usar. Fala umas palavras, escreve umas coisas. Muda umas atitudes, compra umas flores, vai até lá. Pede umas desculpas, ninguém vai ligar, ainda dá pra usar.
Pessoas não são objetos, perdoar não é esquecer. Desculpas não fazem o tempo voltar, e palavras o vento leva. I'm guessing people should learn this stuff the way I did. Just sayin’.
Vez em quando ficamos nós aqui, quase sempre de madrugada – consequência das noites anteriores mal dormidas, às vezes da garrafa de vodka que revive aquelas lembranças alcoólicas – revirando páginas e páginas de Caio ou qualquer coisa que o valha. Vendo como não é só a gente que se sente assim, que não é só a gente que coloca tal coisa com tanta sinceridade no papel, ainda que às avessas. E vai se dando conta que mesmo assim não importa. Porque mesmo assim dói, incomoda, vem à tona. E dá aquela vontade de gritar. Vontade louca de espernear, sair na rua dizendo aquilo que a gente vem tentando evitar. Mas a gente sabe que não pode, não deve. Sabe que não vai adiantar, ainda que a gente acredite cegamente nisso. Ainda que a gente tenha fé, não vai resolver nossa vida.
Acho que é aí que você entra. E aí que eu entro também. Porque sabe, eu tenho a sensação que só a gente mesmo pra curar a dor uma da outra. Porque só de ver que você continua remando, me faz querer continuar remando também (eu disse que é sempre Caio.).
Então eu sei que a gente vai continuar com essa vontade de louca de gritar por aí. Sei também que às vezes a gente não vai aguentar, e uma vai ter que colocar o-que-quer-que-seja no bolso pra cuidar de outro-quer-que-seja da outra. Mas no final das contas e bem lá no fundo, acho que a gente sabe que é a única coisa que acaba valendo a pena.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

É só que não faz sentido alguém te cobrar o não-feito por ele mesmo. Quer dizer, como é que te cobram um sorriso chorando, ou fortitude (neologismo?) desabando? E são cobrados feitos, gestos, sentimentos, palavras. Ah, as palavras. São só isso mesmo: palavras. Cobradas na mais pura fúria e insensatez. Na rispidez do tudo em meio ao nada – quem sabe vice-versa. Quem quer tanto ouvir e não tem nada a dizer me parece um tanto quanto tosco. Tosco... por que diabos que todo mundo acha que isso é um xingamento mesmo?

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Eu só acho que é tudo muito esquisito. A gente se vê sempre, se olha de longe. Às vezes você dá um sorrisinho meio de leve assim, como se não soubesse se deve ou não sorrir. Aí eu respondo olhando meio pra baixo, subindo o olhar de novo e mexendo um pouco no cabelo. E é isso. Cada um vai pra um lado e fica o resto do dia assim. De vez em quando o resto da semana.
E aí tem dias em que a gente, não sei por que, resolve conversar. Que um vem e cutuca o outro, e a gente resolve ir andando juntos e falando várias porcarias, achando graça em tudo, como se fosse outro tempo. E conversa como se estivesse tudo a mesma coisa, como se não houvesse nada de diferente. Mas no fundo a gente sabe que tem, só não quer admitir.
Não sei o que acontece, ou como; se é porque o mundo da voltas ou porque ficou alguma coisa pendente há tempos atrás. Ou se é só por ser mesmo, e ponto. No fim das contas, a gente nunca resolveu nada, e as frases foram sempre as mesmas. Ao mesmo tempo em que ‘ta tudo certo,’ ta tudo errado. E eu, que já não conseguia figurar muita coisa, não entendo mais nada.

Menino, você me tira do sério.