Admito que me enraivecia pensar sobre o personagem que você assumiu. Ser tão bom ator na vida real é uma tarefa perigosamente complicada, que você costumava (costuma?) realizar com tanta facilidade. Fácil demais, que ate surpreendia. Ate achei, por uns dias, que fosse mesmo diferente. Não falso com incontáveis palavras sem valor, e atitudes que nunca corresponderiam a alguém como você, mas sim a sinceridade em pessoa, um alguém em que se pudesse confiar daquele jeito. Pena que eu tenho a mania de me enganar. Ao ver de fora o seu teatro tão bem ensaiado durante anos, com suas falas tão clichês pra quem já te conhece tão bem – ou até melhor – quanto eu, percebi que aquele alguém que eu conheci, que foi tão meu, na verdade não era de ninguém porque não existia. Então, percebo que, no fim das contas, nunca vai ser de ninguém, e nunca vai realmente ter alguém, porque não és nada. Não se ofenda, não te desprezo. Mas é que em meio de tantas faces que assume para agradar a gregos e troianos, acaba perdendo sua essência; sua verdadeira personalidade, acho, se perdeu em meio a tantas máscaras que usa diariamente, tentando ser tudo aquilo que não pode assumir por muito tempo.
Você, fingindo sempre tão seguro de si. Você, falando sempre o que todo mundo quer ouvir. Você, sendo sempre tão gentil. Você... você quem mesmo?