domingo, 31 de julho de 2011

Lifesize

Tenho a impressão de que o que a gente precisa mesmo é de tudo novo. Novas perspectivas, gente diferente, lugares que surpreendam. Atitudes novas, palavras escolhidas especialmente pra gente. Chega uma hora que a gente já passou por tanto - nunca é o mesmo - que dá um enjoo de tudo que a gente já tem. Particularmente, eu leria Caio Fernando e encontraria que 'você precisa de outras pessoas, outros lugares e de bebidas mais fortes'.

terça-feira, 14 de junho de 2011

17

Eu não entendo porque é que dói. Nem como é que dói. Só que tem uma sensação de peito dilacerado, coração esmagado, alma partida. Repartida. Des-partida. São só palavras, mas e daí? São ainda poderosíssimas. Me pisam, me jogam d'um lado pro outro, riem disso. É carma. É a vida apontando na nossa cara e rindo. É só o acaso. É porra nenhuma.
Já senti diferentes, nem melhores, nem piores. Distintas. Amor, desamor, como é que isso funciona, mesmo? Importância demais pra gente de menos, ou o contrário. Pela primeira vez em quase duas décadas, não faço ideia do que é que é. Só digo que dói, e pronto. Sem porque, nem pra que. E vai sempre ser assim. Acostumemo-nos, então, é o que se tem a fazer. Como é que chama o que fica quando o que um dia a gente chamou de amor vai embora?

Eu Sou o Mensageiro

Andei a Domingos de Morais inteira pra poder repensar o que aconteceu. E porque aconteceu. Fui até aquele bar que você gostava tanto por causa das garrafas de cervejas importadas empilhadas nas prateleiras, bem ao lado da "tequila-santa-do-fim-de-semana". Queria ter todas aqui em casa, você ia ficar mais perto. Tinha aquela padaria, também. Aquela com o restaurante em cima, sabe? Era legal almoçar todas as sextas depois da aula da Soraia lá. Até quando você estourava o saquinho onde ficavam os talheres. Eu ficava puta da vida, e você ria. Ria até não poder mais. Sinto saudade do teu riso.
Vez em quando escuto também aquelas músicas horrorosas que você me fazia ouvir enquanto voltávamos pra casa. Confesso que ficava cantarolando all day long aquela poluição sonora. Ai, que ódio de você! E ainda achava graça, vê se pode, um menino desse tamanho todo.
De repente é tanta coisa que me vem a cabeça que eu honestamente não sei no que pensar. E aí me lembro daquele dia. O último - digo isso até o dia de hoje - que a gente pode sorrir. E ficar ali só se olhando, e sabendo tudo aquilo um do outro. Queria que todo mundo pudesse saber tanto quanto você.
É uma merda ficar pensando e repensando tudo o que poderia ter sido. Sentir falta do que não foi. Sentir vontade de me culpar pelo que está sendo. Não canso de dizer que você é a pessoa mais alegre que eu conheço. Conheço, sim, e não 'conheci'. Porque eu sei que você ainda tá ai. E eu tenho fé - mais do que tudo, fé, sim - de que você vai voltar pra gente. Levantar dessa cama, sair por essa porta e dizer pra vida que, foda-se, você venceu de novo! E vai vencer quantas mais vezes precisar. Porque eu sei que nada nem ninguém pode passar por cima de você. Você é "o invencível". E daí, nesse dia, eu juro, eu não vou te abraçar. Eu vou te dar a mão, igual hoje, e dizer pra você apertar. E só você vai saber porque. Força, guri, força. Vai passar.

P<3

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Soneto de Carnaval

Distante o meu amor, se me afigura
O amor como um patético tormento
Pensar nele é morrer de desventura
Não pensar é matar meu pensamento.

Seu mais doce desejo se amargura
Todo o instante perdido é um sofrimento
Cada beijo lembrado uma tortura
Um ciúme do próprio ciumento.

E vivemos partindo, ela de mim
E eu dela, enquanto breves vão-se os anos
Para a grande partida que há no fim

De toda a vida e todo o amor humanos:
Mas tranqüila ela sabe, e eu sei tranqüilo
Que se um fica o outro parte a redimi-lo



Vinícius de Moraes

domingo, 29 de maio de 2011

505

Essa é (só) uma daquelas madrugadas que deixam as pessoas revirando papéis no fundo do armário dentro d'uma caixa de sapatos por puro tédio - lê-se saudades do que não foi, mas que já se foi. Ou cadernos abandonados no escaninho do quarto dos fundos, aquele que a gente só lembra ora porque tem que pegar os sapatos todos os dias pela manhã, ora porque derrubou o resto de molho de tomate no chão limpo e aí precisa pegar o monte de trapos que um dia foram suas camisetas favoritas pra tentar limpar a porcaria que virou. Pior não é ficar ali, ajoelhado no chão gelado tirando todo aquele vermelho do assoalho. É levar tudo pro tanque, deixar na água quente, tirar de lá, passar sabão como se não houvesse amanhã e esfregar. Até o pano ficar como estava antes. Limpo, sem absolutamente nada além daquele monte de rasgos (me pergunto de vez em quando porque picas pessoas compram panos de chão.).
Imagina só, deixar tudo cair, quebrando vidros, sujando pisos, espalhando e arrastando toda essa bagunça por tempo indeterminado, daí simplesmente quando lhe for plausível pegar uns trapos velhos - mais um punhado de força de vontade, convenhamos - e usar ali. E de repente é como se nada nunca tivesse caído. Como se nada jamais tivesse sido estragado, quebrado. Estaria tudo novo e limpo, mais uma vez, pronto pra deixar a gente emporcalhar e destruir o-que-quer-que-seja de novo. E de novo, e eterna(não-tanto)mente.
Que é que tem isso com mar de retalhos-escritos dentro de um papelão? Talvez sejam os panos.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Pra não dizer que não falei das flores

Hoje ‘tava querendo mais uma dose daquele Old Eight e o resto dos meus cigarros amarrotados no meio do cachecol bordô – você sempre disse que era rosa, mas eu perguntei, sempre foi bordô – no fundo da mochila feita com pressa pro final de semana em algum lugar.
Precisava daquela lareira que eu nunca consegui acender. Tudo o que eu conseguia era derrubar os bibelôs alemães que as pessoas insistiam em deixar na mureta daquela porcaria. Em toda a casa era a mesma coisa, acabei desistindo de procurar.
Hoje era só questão de ver o pôr-do-sol, se tivesse sol, e deitar naquele monte de folhas acumuladas por semanas a fio. Aquelas que ficavam lá, acompanhando todas as horas antes de voltar pra essa rotina desgastante. Um caderno, uma caneta, e todas as coisas que eu nunca quis dizer. Aquele monte de palavras catalogadas, com mil e um sentidos, que vez em quando não fazem nenhum.

Hoje eu ‘tava mesmo querendo aquele uísque e os Malboros.

domingo, 24 de abril de 2011

Mais Amor, Por Favor

Alameda Santos, altura do nº. 2100 - Cerqueira César, SP


É inevitável passar por uma coisa dessas em pleno Cerqueira César e não parar. Pra olhar, pra sentir. Parar pra dar um sorriso e pensar. Em meio ao caos que é São Paulo, gente que tira tempo da vida provavelmente não menos caótica pra deixar uma mensagem, um pensamento pra gente que elas nem conhecem. Eu acho que são pessoas assim que a gente devia pedir todos os dias. E apreciar e respeitar todos os dias.

E essa frase me fez ficar refletindo o dia todo. “Mais amor, por favor”. Quatro palavras que juntas parecem fazer o mundo de sentido, né.

Assistam, também, que vale a pena: youtube.com/watch?v=icN-7ynO7Tg&feature=player_embedded