day 30
Pensar, pensar e pensar. Passar 29 dias escrevendo pra pessoas diferentes. Escrevendo tudo aquilo que na maioria das vezes 'tava preso aqui dentro, e insistia em não sair. Sentimentos aprisionados tão confortavelmente, que lutavam com toda a força pra não sair. Histórias relembradas, momentos revividos mentalmente. Textos que levaram a brigas, discussões, reconciliamentos, e ate a uma singela paz, vamos dizer.
Quando eu comecei a escrever, tinha realmente medo desse dia. De verdade. Não sabia como as pessoas reagiriam a tudo que eu tinha pra escrever. Tudo aquilo que na maioria das vezes, elas nem imaginavam que se passava pela minha cabeça. Meu psicológico 'tava completamente estável. E agora, olha só a bagunça que vinte e nove textos foram capazes de fazer! Chega a ser até engraçado. Um pouco trágico em alguns pontos, admito. Mas engraçado. Mas bom, eu mesma me submeti a isso, né, então não vou reclamar.
No final das contas, isso me fez muito bem. Mesmo. Não consigo achar palavras no meu não tão vasto vocabulário pra descrever o quão melhor eu me sinto por ter me expressado melhor. Por ter colocado pra fora uma série de coisas que eu não queria mais guardar aqui dentro, e não sabia a hora de cuspir todas as palavras.
Então, né, o meu reflexo no espelho. Há algum tempo, eu me olhava no espelho e o que eu mais via além desse receptáculo que a minha alma e meus pensamentos habitam, eram palavras engasgadas. Era o receio de dizer tudo aquilo que deveria ser dito. Era um engano, um erro, por deixar tantas coisas subentendidas, tantas frases ambíguas soltas na vida dos outros - e ate mesmo na minha própria. Eu olhava no espelho e sentia saudades. Saudades de tudo aquilo que não foi, e que na minha concepção, até então, deveria ter sido. E muito.
E agora, nesse exato momento, eu me olho no espelho. E sabe o que eu vejo? Tudo o que eu sou. Externamente e internamente. Por alguns instantes, "o espelho é o reflexo da alma." faz sentido pra mim. E de uma forma muito estranha, que eu mesma não entendo, e não 'tô realmente fazendo muita questão de entender, eu sinto um orgulho que não cabe em mim. Não tem motivo aparente pra isso, mas é, eu 'tô sentido. Acho que por ter sido capaz de não deixar mais palavras pendentes, sentimentos esquecidos, pensamentos aprisionados. Por simplesmente ter me expressado melhor de todas as formas, e ter dito tudo o que eu realmente precisava pra todo mundo que eu sempre achei que merecia saber, mas nunca fui realmente capaz de me explicar. E acho que o que mais me fez olhar no espelho hoje e me sentir melhor, foi a conversa que eu e o Vitor tivemos ontem. Contar algo que eu não pretendia contar tão cedo - sejamos sinceros, eu não pretendia contar nunca, mesmo - acabou me fazendo bem. De verdade. Obrigada, Vi.
É isso, mesmo, então. Esse é o fim do meu 30-days-letter, com mais sorrisos do que eu pensava, com melhores sentimentos, mais do que eu poderia imaginar, e com uma paz de espírito gigantesca.
Fim.
"Vai dar tudo certo, depois que der tudo errado."